A Hindenburg Research publicou uma investigação sobre o conglomerado do bilionário Gautam Adani, acusando-o de “manipulação descarada de ações e esquema de fraude contábil ao longo de décadas”.
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A empresa especializada em pesquisa financeira, divulgou que assumiu uma posição vendida em empresas do Adani Group “por meio de títulos negociados nos EUA e instrumentos derivativos não negociados na Índia”.
Os vendedores a descoberto visam ganhar dinheiro apostando que o preço das ações das empresas que visam cairá.
A Hindenburg diz ainda em seu relatório que se trata do “maior golpe da história corporativa” e faz várias alegações sérias contra a família Adani e seu grupo de empresas, incluindo o suposto uso de entidades de fachada offshore e manipulação de ações.
O império de negócios de Adani contém sete empresas listadas em setores que vão de portos a usinas de energia. As ações na maioria delas caíram entre 3% e mais de 8% na quarta-feira.
A queda teve um impacto imediato no patrimônio líquido do bilionário. Adani perdeu US$ 6,5 bilhões na quarta-feira.
Os mercados indianos estão fechados na quinta-feira.
O que diz o relatório
Em sua investigação, que Hindenburg disse ter levado dois anos para ser compilada, a empresa de pesquisa questionou as “avaliações altíssimas” das empresas Adani e disse que sua “dívida substancial” coloca todo o grupo “em uma situação financeira precária”.
O Adani Group possui nove empresas listadas em bolsa que, juntas, somam um valor de mercado de aproximadamente US$ 218 bilhões.
De acordo com a Hindenburg, sete dessas empresas viram os preços de suas ações misteriosamente dispararem ao longo dos últimos três anos, algo que a consultoria vê como injustificado.
“As sete principais empresas listadas do Adani Group estão cerca de 85% supervalorizadas, mesmo se você ignorar nossa investigação e considerar as finanças das companhias pelo valor de face”, diz a Hindenburg em relatório.
Além do valuation das empresas do grupo estar inconsistente com a média da indústria, a Hindenburg destaca que elas estão excessivamente alavancadas.
“Do ponto de vista da solvência, várias entidades listadas no grupo são altamente alavancadas em relação às médias do setor: quatro de 7 dessas entidades têm fluxo de caixa livre negativo, indicando que a situação está piorando”, diz a Hindenburg.
Hindenburg diz ainda ter identificado 38 supostas empresas de fachada com sede nas Ilhas Maurício controladas por Vinod Adani, irmão mais velho de Gautam Adani, juntamente a várias outras empresas semelhantes com sede em Chipre, Emirados Árabes Unidos, Cingapura e várias ilhas do Caribe.
O relatório alega que as empresas de fachada são usadas para “manipulação de ações” e “lavagem de dinheiro”, usando empresas privadas do Adani Group nos livros de empresas listadas “a fim de manter a aparência de saúde financeira e solvência”.
O relatório também critica “investidores, jornalistas, cidadãos e até políticos”, dizendo que eles não se manifestaram sobre a “grande fraude flagrante [ocorrendo] em plena luz do dia” por medo de represálias.
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Adani Group nega acusações
Em comunicado enviado à imprensa, o CFO da Adani Group, Jugeshinder Singh, nega as acusações e classifica o relatório como uma "combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações obsoletas, infundadas e desacreditadas que foram testadas e rejeitadas pelos mais altos tribunais da Índia”.
A declaração acrescenta que a empresa nunca foi contatada por Hindenburg e critica o momento da publicação do relatório, dizendo que é “claramente uma intenção descarada e de má-fé de minar a reputação do Grupo Adani com o objetivo principal de prejudicar a próxima Oferta Pública de Acompanhamento da Adani Enterprises”.
Em outra declaração na quinta-feira, o Adani Group disse que está “avaliando as disposições relevantes das leis dos EUA e da Índia para ações corretivas e punitivas contra a Hindenburg Research”.
