A China vai ultrapassar os Estados Unidos e o dólar sucumbirá ao Yuan? Ou Ray Dalio está errado sobre a mudança da ordem mundial? 

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Se você leu o novo livro de Ray Dalio ou assistiu ao vídeo onde ele fala sobre a nova ordem mundial, analisando a ascensão e queda de todos os grandes impérios nos últimos quinhentos anos, provavelmente ficou na dúvida:

Será que a China vai mesmo ultrapassar os Estados Unidos?

O dólar não será mais a moeda de reserva do mundo?

Segundo os estudos do gestor de fundos, tudo indica que a mudança na ordem mundial já está acontecendo.

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Apesar de em momento nenhum ele ter falado de forma explícita que a China será a próxima grande potência mundial, ele dá a entender isso através de seus gráficos e ilustrações.

Realmente, de uns tempos para cá a China tem mostrado certo poder em relação ao restante do mundo, mas existe um detalhe muito importante nessa previsão:

o governo ditatorial chinês.

Nesse artigo vamos fazer um complemento da nova ordem mundial de Ray Dalio e explorar o que os críticos dizem sobre essa mudança e quais os prováveis desfechos da ascensão da China.

Resumo da Ordem Mundial de Ray Dalio

Uma ordem mundial é um sistema, normalmente estabelecido em tratados, que nos diz qual país está no topo, como força dominante naquele momento e qual a moeda de reserva do mundo.

A atual ordem mundial é a chamada ordem mundial americana, formada após a Segunda Guerra Mundial, em 1944, quando os EUA emergiram como a potência mundial dominante.

Durante a vida da maioria de nós, a ordem mundial foi os Estados Unidos como a grande potência e o dólar, como a moeda de reserva.

Não é porque nunca vimos outra ordem que ela nunca tenha acontecido antes.

Ray Dalio estudou os últimos 500 anos de história e formulou um modelo que ele chama de o “Grande Ciclo”, onde identifica uma sequência típica de eventos que impulsiona a ascensão e declínio das nações.

Esses ciclos sempre se repetiram ao longo da história e essa repetição traz consigo o seguinte padrão:

O grande ciclo de ascensão e queda de um país
O grande ciclo de ascensão e queda de um país. Fonte: YouTube Ray Dalio.

Ascenção

Uma nova ordem mundial começa após um grande conflito, normalmente uma guerra, consolidando uma nação como potência.

Como ninguém quer desafiar esse regime recém-vitorioso, normalmente seguem algumas décadas de paz e prosperidade.

Durante este período, os cidadãos do império desfrutam de maior educação e padrões de vida muito melhores.

A produção cresce, o país se torna inovador e a economia do país está em ascensão.

À medida que as coisas continuam muito boas, as pessoas apostam cada vez mais neste território e na continuidade de sua prosperidade.

Com a confiança alta, as pessoas assumem mais riscos, pedem dinheiro emprestado, se alavancam para ganhar ainda mais dinheiro, o que, inevitavelmente, acaba levando a uma bolha financeira e a distribuição desigual da riqueza.

Topo

Apesar da bolha crescendo em segundo plano, a participação do império no comércio global supera a de todos os outros países e sua moeda se torna a de reserva global.

Quando o império se aproxima do ápice de sua prosperidade, outros países começam a criar versões mais baratas de suas principais exportações, sugando alguns de seus lucros comerciais.

O país líder está sobrecarregado financeiramente, gastando muito mais do que ganha para manter seu domínio, aumentando ainda mais a desigualdade social. 

Inevitavelmente, a bolha financeira estoura.

Declínio

Em crise, o banco central é obrigado a imprimir mais dinheiro, o que desvaloriza a moeda em circulação.

O conflito interno aumenta, o que pode acontecer pacificamente ou como uma guerra civil. 

Temendo o estado econômico, os cidadãos mais ricos vendem suas posses e transferem sua riqueza para o exterior, o que, por sua vez, desvaloriza ainda mais a moeda nacional.

Enquanto o império luta com o conflito interno, seu poder diminui em relação às potências rivais externas em ascensão. 

Quando uma nova potência se torna forte o suficiente para competir com a potência dominante, ocorrem conflitos externos, mais tipicamente guerras. 

Dessas guerras surgem novos vencedores para substituí-lo no topo da ordem mundial, e assim começa um novo Grande Ciclo.

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Estamos na Transição para uma Nova Ordem? 

Agora que você sabe como esse ciclo acontece, resta responder em que ponto exatamente nós estamos nesse ciclo.

Trazendo para os dias atuais, está claro que a situação dos Estados Unidos como potência hegemônica apresenta alguns sinais de fragilidade.

Os Estados Unidos são os maiores devedores externos da história e financiam esse déficit com mais empréstimos e imprimindo grandes quantidades de dinheiro novo.

A inflação acumulada em 12 meses do país chega a 8,6%.

É o nível mais alto desde 1981, época da chamada "grande inflação".

Mesmo assim, a grande liquidação em dólares e a dívida em dólar ainda não começou. 

Embora existam grandes conflitos internos e externos ocorrendo por todas as razões clássicas, eles ainda não cruzaram a linha para se tornarem guerras. 

Por outro lado, existem outros países esperando o momento certo para tomar o bastão e se tornar a nova ordem mundial.

Em seu estudo, Ray Dalio está sempre fazendo alusão a ascensão da China e utilizando figuras para representar que nós estamos muito próximos desse momento de transição.

Declínio dos Estados Unidos e ascensão da China
Declínio dos Estados Unidos e ascensão da China. Fonte: YouTube Ray Dalio.

Mas é justamente aqui que as críticas ao modelo de Ray Dalio começam a surgir.

A maior falha de Ray Dalio em seu estudo, segundo os críticos, é que ele se concentra na fraqueza do Ocidente e não na China.

Para muitos, isso soou tendencioso, afinal, não é segredo que Dalio tem diversos investimentos na China e falar da fraqueza do país poderia tornar Bridgewater persona non grata lá.

O gestor bilionário também já está posicionado para lucrar com a ascensão da China se ela realmente ocorrer.

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Fraquezas da China

Com taxas de crescimento anuais médias de 10% nos últimos 30 anos, a China tornou-se a economia de crescimento mais rápido do mundo e a segunda maior economia em geral, atrás dos EUA. 

Segundo a Forbes, o projeto do presidente chinês Xi Jinping é dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) e a renda per capita da China até 2035. 

Se isso de fato ocorrer, entre 2027 e 2028 o país deve ultrapassar os EUA como a maior economia do mundo, antecipando a previsão anterior, que era para 2033.

No entanto, apesar do admirável desempenho econômico, há uma série de razões convincentes para pensar que a China não liderará a nova ordem mundial.

Ainda não está claro se a China está em condições de liderar e se os outros países aceitariam isso.

Entre as críticas à economia Chinesa está o fato do país estar passando por momentos bem sombrios no mercado imobiliário com uma bolha que parece prestes a estourar.

Por causa de sua política de filho único, que perdurou por muito tempo, a China não tem infraestrutura para cuidar de sua população envelhecida, o que muitos preveem que acalmará sua economia em expansão.

Há também a corrupção desenfreada que assola os altos escalões da sociedade e do governo chineses, que Xi Jinping até agora não conseguiu resolver.

E assim como os EUA, a China também está lutando com uma diferença de riqueza em rápido crescimento. O New Statesman relata que é quase tão grande quanto nos EUA. 

Para o ex-secretário do Tesouro Americano, Larry Summers, não se pode exagerar no poder da China e menosprezar o norte-americano.

"Quando olhamos para o início dos anos 60, acho que a América exagerou muito na União Soviética e quando olhamos para o início dos anos 90, achamos que a América exagerou muito no Japão.

Acho que temos uma chance substancial de que a China vai enfrentar uma variedade substancial de problemas nos próximos anos e precisamos ter muito cuidado para nos envolvermos com a China.", disse Summers em entrevista.

Por último, e talvez o mais importante ponto contra a dominância da China, é o fato do país ser um Estado autoritário liderado por apenas um único partido: o Partido Comunista Chinês (PCC).

Regime Unipartidário

Embora alguns analistas digam que economicamente a China se aproxima mais do capitalismo do que do comunismo, o país possui um regime unipartidário, totalmente dominado pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

O governo chines ainda possui um enorme papel no planejamento da economia.

A propriedade da terra segue em suas mãos e as empresas privadas precisam se submeter a inspeções estatais e aceitar a participação de comitês do partido comunista dentro da operação, o que pode influenciar as tomadas de decisão

O Partido Comunista da China é o único no cenário político e opera sem oposição, controlando o país há 7 décadas.

O regime na China é extremamente rigoroso. Eles não admitem nenhum poder paralelo ao deles. 

Dessa forma, nem mesmo grandes empresas, com muito poder, estão imunes à intervenção do partido comunista chinês.

As empresas de tecnologia chinesas estão sob pressão em meio à crescente preocupação com sua influência na vida dos consumidores.

Em novembro de 2020, o Ant Group, braço financeiro do gigante de e-commerce Alibaba, faria sua estreia nas bolsas de Hong Kong e Xangai, mas no último minuto, as autoridades do órgão regulador chinês suspenderam a operação por "preocupações em relação à concorrência".

Na sequência, exigiram que fosse feita uma reestruturação no que hoje é o maior conglomerado financeiro e comercial digital da China. Seu cofundador, Jack Ma, desapareceu por meses.

Esse foi apenas o início de uma ofensiva do governo para definir limites aos gigantes da tecnologia chineses.

Após a suspensão do IPO do Ant Group, o governo impôs uma série de restrições a outras empresas de tecnologia que atuam em áreas que vão do comércio eletrônico ao setor de transporte, videogames, educação online e as fintechs.

Entre elas estão o conglomerado de serviços na internet Tencent, a empresa de entrega de alimentos Meituan, o e-commerce Pinduoduo e a Didi, dona do app de transporte 99 no Brasil.

Embora cada caso seja diferente, os argumentos usados ​​pelo governo para justificar as decisões eram basicamente:

coibir monopólios e "proteger a segurança" das informações dos usuários.

A China sofre de uma crise regulatória que nenhuma nação democrática aceitaria viver. 

Afinal, a liberdade econômica é fundamental para a ascensão de uma nação.

Tirar Supremacia do Dólar é Missão Quase Impossível

Embora grandes empresas como Goldman Sachs Group e Credit Suisse Group notaram ameaças ao status predominante do dólar, encontrar um substituto será extremamente desafiador.

Para instituições como Brandywine Global Investment Management e JPMorgan Asset Management, o tamanho e a força dos Estados Unidos ainda são incomparáveis e o dólar continua sendo uma moeda de proteção.

Segundo estudo publicado na Bloomberg, quase 90% das transações do mercado de câmbio global envolvem o dólar, de acordo com dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

A moeda americana também responde por aproximadamente 60% das reservas cambiais dos bancos centrais no mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional. 

Dominância do dólar frente a outras moedas
Dominância do dólar frente a outras moedas. Fonte: Bloomberg

Seu rival mais próximo, o euro, representa cerca de 20% das reservas totais. Enquanto que o Yuan da China representa apenas 3%.

Os esforços da China para internacionalizar o yuan vêm ganhando mais atenção.

Para o Goldman Sachs, o yuan vai ultrapassar o iene e a libra esterlina para se tornar a terceira maior moeda de reserva até 2030. 

Na avaliação do Morgan Stanley, a moeda chinesa representará até 10% dos ativos cambiais globais na próxima década, mas não o suficiente para desafiar o dólar.

Nem todos estão convencidos disso. 

Para conferir status global, a livre negociação é essencial, mas na China isso não ocorre.

Mesmo que a China ultrapasse os EUA como superpotência dominante, não devemos apenas presumir que países ao redor do mundo começarão a construir reservas de yuans e vender dólares da noite para o dia, especialmente com o histórico de direitos humanos duvidoso da China.

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Como se Preparar Para a Nova Ordem Mundial?

Ao que tudo indica, realmente estamos em um período de transição que resultará em uma nova ordem mundial.

Mas pelos argumentos acima, os críticos acreditam que é praticamente impossível a China se tornar nação soberana dentro dessa Nova Ordem Mundial de Ray Dalio.

Diante de uma ameaça às nações democráticas, alguns especialistas acreditam que os países possam se unir para encontrar uma solução melhor do que colocar o yuan como substituto ao dólar.

Para o pesquisador Michael Schuman, estamos caminhando para um mundo que lembra o mundo bipolar da Guerra Fria, embora com relacionamentos muito mais complicados.

Em entrevista para a BBC, ele diz que a guerra na Ucrânia e a pandemia estão acelerando a tendência da consolidação dos Estados Unidos e da China como os dois países mais poderosos do mundo.

Essas duas potências devem permanecer conectadas de uma certa maneira no nível econômico, por causa da importância da China na economia global e vice-versa.

Seja como for, a ordem mundial não é algo que vai mudar repentinamente. Esse é um processo longo.

Também não há garantia que a China vai ultrapassar os Estados Unidos ou que os americanos consigam reverter essa tendência de declínio e se manter como a potência por mais algumas décadas.

Mesmo assim, é algo que você, como investidor, precisa ficar atento.

Só existe uma possibilidade: se preparar para todas essas mudanças no mercado!

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